segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desafio diplomático | # 2

CAArq, Arquivologia & Ciência da Informação: a figura de Paul Otlet nesta conjunção. Um estudo de caso
O desafio de número 2, divulgado pelo Professor André em seu blog , nos propunha uma breve investigação sobre a vida e obra de um dos mais relevantes personagens da Ciência da Informação, Paul Otlet, a fim de que estabelecêssemos e identificássemos, com auxílio das informações obtidas, as possíveis relações entre a Arquivologia (ou Arquivística), a Ciência da Informação e o nosso blog (tanto como ferramenta quanto pelo seu conteúdo).



CONCEITO 1. - Ciência da Informação
"[...] a Ciência da Informação é uma ciência social que investiga os problemas, temas e casos relacionados com o fenómeno info-comunicacional perceptível e cognoscível através da confirmação ou não das propriedades inerentes à génese do fluxo, organização e comportamento informacionais (origem, coleta, organização, armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão, transformação e utilização da informação)." (Dicionário Eletrônico de Terminologia em Ciência da Informação)

CONCEITO 2. - Arquivologia
"Disciplina que estuda as funções do arquivo[instituição ou serviço que custodia documentos] e os princípios e técnicas a serem observados na produção, organização, guarda, preservação e utilização dos arquivos[conjunto de documentos]. Também chamada arquivística." (Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, 2005)


PAUL OTLET

Reconstituindo a memória...

Paul Otlet
Natural de Bruxelas, nascido em agosto de 1868 e falecido em novembro de 1944, Paul Marie Gislain Otlet "foi um advogado belga que se tornou bibliógrafo e internacionalista utópico" (RAYWARD, 1991)(tradução nossa), publicando, em 1892, seu primeiro ensaio sobre bibliografia, denominado Something about bibliography. Nesta obra, Otlet "expressa a sua crença de que os livros são uma forma inadequada de armazenar informações, porque a disposição dos fatos contidos dentro deles foi uma decisão arbitraria por parte do autor, tornando cada fato difícil de ser localizado. Um sistema melhor de armazenamento, propôs Otlet em seu ensaio, seriam cartões (3x5) contendo pequenos trechos com informação, os quais permitiriam "todas as manipulações de classificação e contínua busca". 

"Com base nas promessas da tecnologia, ele [Otlet] e [Henri] La Fontaine formularam planos para, e ajudaram a criar, no Instituto Internacional de Bibliografia, um enorme banco de dados chamado de Repertório Bibliográfico Universal" (RAYWARD, 1991) (tradução nossa). Este banco de dados era a matéria-prima de um 'museu' que foi inaugurado em 1910, o Mundaneum, contando, inicialmente, com aproximadamente 15mi de entradas (feitas pelos cartões 3x5 polegadas, formato de fichas bibliográficas, padrão nos Estados Unidos à época, e utilizado por muitas bibliotecas ao redor do mundo até a recente popularização dos catálogos on-line) classificadas e indexadas sob o Cógido de Classificação Universal (CDU), desenvolvido por Otlet, tendo por base o Código Decimal de Dewey (1876)


Fichas 3x5
Este projeto pretendia ser a 'enciclopédia da humanidade'. Nele, além de buscar e acessar, o usuário poderia alterar e completar as informações, construindo o banco de dados infinita e inconclusamente, e dos mais remotos lugares.


Concebeu os conceitos de hypertext, multimedia e web, embora não tenha utilizando estas palavras, preconizando o reconhecimento de microfilmes, audio e video como fontes documentais. Em seu livro Treatise of Documentation (1934), também conhecido como O livro dos livros, Otlet chamou esta rede, a grande enciclopédia, de International Network for Universal Documentation, dizendo:




Before our very eyes an immense machinery for intellectual work is being constructed. This machinery will serve as a veritable mechanical and collective brain. A universal publication system condensing all of the fragmentary and individual data and kept constantly up to date must be assembled for each branch of the sciences and other activities. This network must link production centers distributors and users. Any person with data to be made known or propositions to present or defend will be able to do so. Or with a minimum of effort and a guarantee of quality safety will be able to obtain any information.




Apesar da aparente utópica intenção de reunir num único espaço 'toda a informação produzida pela humanidade' e de tornar o acesso a ela rápido e fácil (o que se concretizaria, algumas décadas depois, no que hoje conhecemos como internet, ou WWW - world wide web), e de ter a pretensão de aliar o conhecimento democratizado e difundido em todo o mundo, por seu sistema de classificação e busca, às ações políticas e científicas de todas  as nações, à sua época, Otlet era reconhecido por seu conhecimento, prático e real, acerca da organização de acervos documentais (bibliográficos, especialmente). Tendo sido membro, e até dirigente, de importantes órgãos nacionais e supranacionais de guarda de documentos e de profissionais da área.


Otlet foi o primeiro teórico a utilizar o termo documentação, ampliando a noção restrita que o livro tinha como registro informacional; debruçou-se sobre as características físicas dos 'registros' (Diplomática), sua natureza, e suas funções no contexto ao qual pertencem (Tipologia Documental), embora não tenha desenvolvido, de forma sistemática e objetiva, estudos nessas áreas.


Le Mundaneum

OTLET E A ARQUIVOLOGIA

Enquanto responsável pela guarda mais aprimorada quanto possível dos documentos que lhe dizem respeito, e sendo estes documentos a matéria-prima da conseguinte produção de conhecimento, a Arquivologia, na ideia geral preconizada por Otlet, ocupa um papel central na manutenção e perpetuação da produção intelectual e informacional na cadeia que vai da gênese à utilização da informação para a produção de conhecimento.


Entretanto, alguns princípios adotados por Otlet na elaboração de seu Código de Classificação Universal (voltado para a Biblioteconomia) permitem ressalvas acerca de sua aplicação à realidade de arquivos, uma vez que tal sistema prima por uma classificação genérica por assunto, o que é visto, sob a óptica da Arquivística, como não recomendável aos documentos de arquivo, já que tal lógica deixa de lado uma coisa com a qual o próprio Otlet se mostrou preocupado em entender e preservar: o contexto em que está inserido e a funcionalidade do documento.


De forma bem sucinta, então, e de posse dos conceitos 1. e 2., acima citados, podemos dizer que Paul Otlet foi o fundador da Ciência da Informação e o precursor da internet tal qual a conhecemos hoje (WEB 2.0). Suas contribuições para as atividades que envolvem a organização de documentos são inenarráveis, alcançando outras áreas, como a Arquivologia, e aproximando-as à Biblioteconomia, objeto inicial de seu trabalho. Apesar de não ter vivido o suficiente para ver e utilizar, seu objetivo inicial de integrar e democratizar a informação e o conhecimento em nível global foi atingido, embora ainda haja muito o que melhorar. 


um breve ESTUDO DE CASO
O que tem Paul Otlet a ver com o blog CAArq UnB?


Somos: 
* um blog que fala para estudantes de Arquivologia;
* um blog que fala, de modo mais específico, de Diplomática e Tipologia Documental;
* Arquivologia, Diplomática e Tipologia Documental = áreas da Ciência da Informação;
* estamos inseridos na world wide web, portanto, somos objeto de seus mecanismos de classificação, indexação, busca e utilização;
* nosso domínio (blogspot) pertence ao Google, reconhecido por seus inteligentes sistemas de busca e recuperação de informação na internet ("filhos" do projeto de Otlet);


Sob a temática arquivística + movimento estudantil, nossa página se insere numa enorme série de outras páginas virtuais destinadas aos temas. Usuários da web interessados em assuntos como movimento estudantil, Arquivologia, Universidade de Brasília, ensino, pesquisa e extensão, Ciência da Informação, oportunidades de estágio em Arquivologia, e produção acadêmica, a citar alguns dos principais assuntos tratados por nós aqui, podem localizar nossa página a fim de obter informações nessas áreas.


As ideias de Otlet também nos auxiliam, de modo bem superficial, nas organização das informações dentro da nossa própria página. Facilitando a recuperação e o acesso, utilizando tags, por exemplo. 


Para conhecer um pouco mais da vida e obra de Paul Otlet, visite os links abaixo
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Fontes

Um comentário:

  1. Na minha humilde opinião, ótima abordagem.
    Otlet era utópico, sem dúvida, mas uma contribuição grandiosa para a área da Ciência da Informação. Meio doido também hahahaha. Acho mt legal, uma pessoa daquela época já com umas ideias como essas...


    E não se esqueçam das datas, estou de olho! hahaha
    Precisando, dá um grito.

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